Câmara Municipal quer «manter viva» a Festa das Papas
Ciclo de Tertúlias na Casa do Tempo
4 de fevereiro, 2014
O presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Dr. China Pereira, marcou presença, no passado dia 31 de janeiro, na primeira tertúlia do ciclo que a Casa do Tempo irá promover mensalmente.
A ‘Festa das Papas (S. Sebastião): origem, rituais e memória popular’ foi o tema que esteve em debate no arranque deste ciclo, reunindo no auditório da Casa do Tempo individualidades ligadas àquela antiga romaria que se realiza anualmente no dia 20 de janeiro de forma alternada, ora no lugar do Samão em ano ímpar, ora no lugar de Gondiães em ano par, honrando S. Sebastião ‘advogado da fome, da peste e da guerra’ e renovando a promessa feita pelos seus antepassados.
O painel de oradores contou, ainda, com o presidente da Assembleia Municipal, Eng. Joaquim Barreto, a Dra. Fátima Marinho, autora do trabalho académico ‘Festa: na harmonia ou na luta – a fronteira do Nós’, a Professora Cecília Carvalho em representação do GAS - Grupo Associativo do Samão e o cabeceirense Dr. Manuel Gonçalves, investigador natural do Samão. Nesta iniciativa marcou também presença o presidente da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Gondiães e Vilar de Cunhas, Eng. Manuel Ramos.
Organizada pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, com o apoio do Grupo Associativo do Samão e daquela União de Freguesias, esta tertúlia lotou o auditório da Casa do Tempo.
Depois de cumprimentar a numerosa plateia, o presidente da edilidade cabeceirense disse que “a Câmara Municipal quer continuar a promover este ciclo de tertúlias”, colocando em evidência a riqueza do concelho no que se refere ao património, à tradição e à história. E destacou: “temos de conhecer, discutir e divulgar” a nossa história às gerações futuras para que ela possa ser perpetuada no tempo.
China Pereira reafirmou que “a Câmara Municipal assumirá sempre as suas responsabilidades no sentido de manter vivas a tradição e a cultura” de Cabeceiras de Basto.
Na sua intervenção, o presidente da Assembleia Municipal, Eng. Joaquim Barreto, salientou a importância de escrevermos a nossa história, colocando essa mesma história e também a nossa cultura ao serviço da economia.
Considerando que a Festa das Papas passa pelas aldeias do Samão e Gondiães em Cabeceiras de Basto, Salto em Montalegre e Couto Dornelas em Boticas, Joaquim Barreto lançou o desafio para a criação dos ‘Caminhos de S. Sebastião’, recorrendo-se a fundos comunitários através de uma candidatura intermunicipal. Para o presidente da Assembleia Municipal, esta iniciativa reforçará “a força e a abrangência” que a Festa das Papas tem a nível nacional, valorizando-se um território que se pretende integrado, inclusivo e sustentado.
Coube ao investigador Manuel Gonçalves abordar as origens da Festa das Papas, afirmando que, no seu entender, o início desta festa é bem mais recente do que aquele que vem sendo referido pela voz popular que aponta para a Idade Média o começo da Festa das Papas nas aldeias do Samão e Gondiães. Manuel Gonçalves fala de uma tradição com pouco mais de 200 anos.
Em representação do GAS - Grupo Associativo do Samão, a prof. Cecília Carvalho explicou os rituais da Festa das Papas, destacando que “a mezinha – papas – tem poder porque é feita com muita fé e é com muita fé que é comida”.
Na sua intervenção, Fátima Marinho abordou a memória popular, afirmando que “os emigrantes vêm todos os anos à Festa das Papas por amor”. A autora do trabalho académico ‘Festa: na harmonia ou na luta – a fronteira do Nós’ destacou, ainda, como âncoras da Festa das Papas “o seu caráter único, o seu vigor extraordinário e a sua dinâmica singular”.
A Festa das Papas, apesar da sua simplicidade, é uma das mais típicas romarias concelhias que atrai, anualmente, às aldeias da serra milhares de visitantes provindos das mais diversas localidades da região.