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António Murta desafia portugueses a poupar para investir

Engenheiro foi o convidado da conferência «Inovar e Empreender» em Cabeceiras de Basto

24 de abril, 2013
António Murta desafia portugueses a poupar para investir
“Somos um país pobre com manias de rico”. A afirmação é de António Murta, conceituado engenheiro no mundo da tecnologia, eleito “campeão digital” e representante de Portugal no Fórum ‘Digital Champions Europe’, onde têm assento os “campeões digitais” de cada Estado Membro.
António Murta foi o orador convidado da conferência ‘Inovar e Empreender’ organizada pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, uma sessão que decorreu na noite de 19 de abril no Auditório Municipal Ilídio dos Santos.

Natural da freguesia de Abadim, em Cabeceiras de Basto, António Pacheco Murta partilhou com o numeroso público, que assistiu à conferência, a sua visão sobre a crise, apontando caminhos viáveis para o sucesso e para a “resolução dos nossos problemas”.

Na sua intervenção, António Murta começou por evidenciar que “não há investimento sem poupança” e que “só se pode investir o que se poupa”.

A este propósito, o engenheiro destacou como um “milagre” o resultado da balança das importações/exportações, que “desde 1947 não apresentava um saldo positivo”.

E garantiu: “a melhor notícia da crise foi os portugueses [sobretudo empresários] perceberem que têm de promover Portugal no mundo. Temos de trabalhar para o mundo, se não estamos condenados a ser pobres”.
Acreditando que Portugal “tem matéria-prima humana de qualidade”, António Murta disse que para alcançarmos o sucesso é necessário “termos uma ideia genial, executarmos bem essa ideia e abri-la ao mundo”.

Confirmando a apetência dos portugueses para o mundo da ciência/tecnologia, António Murta explicou que o caminho a seguir é “transformar a ciência em valor económico/em valor acrescentado” para conseguirmos sair do cenário da atual crise em que vivemos.

E assegurou: “o que nos vai tirar do sítio onde estamos é a atitude de criarmos empresas. Onde vocês quiserem, vocês podem acrescentar valor para o mundo. Basta ter ideias e estar conectado. Temos de pegar no nosso talento e vendê-lo ao exterior”, certificou.

Elogiando aos seus conterrâneos a “capacidade de trabalho multicultural”, António Murta apontou o dedo à “pouca ambição, falta de autoconfiança e excesso de humildade” dos portugueses.

Revelando, ainda, que “a Europa está a viver do passado e que não está a ser competitiva à escala global”, António Murta garantiu que “para sustentarmos o Estado Social da europa temos de ser competitivos”, caso contrário “não vamos conseguir crescer e o Estado Social será insustentável”. “Temos de ganhar quota nos mercados mundiais”, avançou.

Citando Thomas Friedman, António Murta rematou: “temos de ser ‘emigrantes cá dentro’ com orgulho e abnegação!”

No final da comunicação do orador, o presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Eng. Joaquim Barreto enalteceu a “ousadia, a capacidade empreendedora e a visão empresarial” de António Murta, que se tem dedicado também à atividade de docente universitário.

O autarca destacou, ainda, a forma como António Murta “navega no mundo, a sua capacidade de criar riqueza e a sua inteligência”. Partilhando da opinião do engenheiro, Joaquim Barreto considerou que “para vencermos temos de ter ambição, sem dúvida”. No final, o presidente da Câmara apelou a António Murta para, “com os seus conhecimentos, ajudar os jovens e a sua terra”.

Refira-se que António Murta é licenciado em Engenharia de Sistemas pela Universidade do Minho, MBA pelo ISEE (Universidade do Porto), AMP pelo INSEAD. Foi o fundador da Enabler, sendo actualmente VP Retail Services da Wipro – empresa que adquiriu a Enabler. É, igualmente, sócio-fundador de várias empresas ligadas à área de soluções de tecnologias de informação – Mobicomp, IT Peers, Profimetrics, DHome.
Coube ao presidente da Assembleia Municipal, Dr. China Pereira, encerrar a conferência dedicada ao tema ‘Inovar e Empreender’.

Depois de felicitar o orador pela sua “brilhante” intervenção, China Pereira afiançou: “acredito em Portugal porque Portugal tem futuro e certamente que amanhã será um dia melhor, com mais desenvolvimento, mais progresso e bem-estar para todos”.

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