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Casa Municipal da Cultura apresenta «Pedro Homem de Mello»

Exposição pode ser visitada de Segunda a Sexta-feira, das 9h00m às 12h30m e das 14h00m às 18h30m

13 de junho, 2012
 Casa Municipal da Cultura apresenta «Pedro Homem de Mello - o aristocrata que amou o povo»
A Casa Municipal da Cultura, apresenta ao público, apartir de Sexta, dia 15 de junho e até ao próximo dia 6 de agosto, uma exposição alusiva à vida e obra de Pedro Homem de Mello, sob o tema ‘O aristocrata que amou o povo’.
Trata-se de uma coletânea de painéis que divulgam o seu percurso enquanto poeta, folclorista, escritor, amante das artes e da cultura, dando desta forma corpo a uma exposição que integra também quadros, telas, manuscritos originais e diversas publicações da sua autoria, gentilmente cedidas por várias pessoas que tiveram a felicidade de privar com o autor.

A organização desta exposição visa assim, divulgar e enaltecer o legado deixado por Pedro Homem de Mello, homenageando desta forma tao ilustre cidadão que dedicou a sua vida à cultura em geral e à cultura popular em particular.

De referir que Pedro da Cunha Pimentel Homem de Mello, nasceu no Porto a 5 de Setembro de 1904 e aí faleceu a 5 de Março de 1984. Foi poeta, professor e folclorista português. Nasceu no seio de uma família fidalga e desde cedo foi imbuído de ideais monárquicos, católicos e conservadores. Foi sempre um sincero amigo do povo e a sua poesia é disso reflexo.

Pedro Homem de Mello começou a escrever versos ainda criança e apesar de afastado das novas correntes literárias, escrevia já com uma intuição poética e uma intencionalidade inegáveis para quem o lia. Deixou uma extensa obra de vinte e dois livros publicada no período que medeia 1934 e 1979. O Povo e a força que dele emana, a solidão, a amargura pelas paixões impossíveis, todos estes elementos constituem a raiz da sua poesia.

Se, por um lado, o brilho do sol e dos rubros trajes do Minho o conduziram ao Bailador de Fandango ou à Canção de Viana, noutros momentos foram as paixões e desejos impossíveis, transformados em desespero, descrença e destino fatal, o caminho para a criação de composições soberbas como Naufrágio, Pântano ou Oásis.

Segundo dados recolhidos, foi Alan Oulman quem vislumbrou nas palavras de Pedro Homem de Mello as melodias que, mais tarde, ganharam universalidade na voz única de Amália Rodrigues. Melodias de uma pureza quase visceral, que entraram no universo colectivo dos portugueses, tendo sido desde então recriadas, revistadas e mesmo reinventadas por todas as posteriores gerações de artistas. Sentimentos, convicções e desejos que afloram a cada verso, a cada rima, numa toada de beleza e emotividade profundas e inconfundíveis.

De referir ainda, que Pedro Homem de Mello estudou Direito em Coimbra, acabando por se licenciar em Lisboa, em 1926. Exerceu a advocacia, foi subdelegado do Procurador da República e, posteriormente, professor de português em escolas técnicas do Porto (Mouzinho da Silveira e Infante D. Henrique), tendo sido director da Mouzinho da Silveira.

Foi um entusiástico estudioso e divulgador do folclore português, criador e patrocinador de diversos ranchos folclóricos minhotos, tendo sido, durante os anos 60 e 70, autor e apresentador de um popular programa na RTP sobre essa temática. Dedicou ao folclore numerosos programas na televisão e ensaios com os quais arrecadou vários prémios. As raízes do seu lirismo bem português mergulham na própria vivência íntima e na profunda sintonia com o povo, cuja alma se lhe abria através do folclore, tendo por cenário a paisagem nortenha.

Em 1950, a fadista Amália Rodrigues começou a cantar poemas de Pedro Homem de Mello, estando entre os mais célebres ‘Povo Que Lavas no Rio’, ‘Havemos de ir a Viana’ e ‘O rapaz da camisola verde’, temas que alcançaram grande êxito e intemporalidade.

Afife, em Viana do Castelo, foi a terra da sua adopção. Ali viveu durante anos num local paradisíaco, no Convento de Cabanas, junto ao rio com o mesmo nome, onde escreveu parte da sua obra, "cantando" os costumes e as tradições de Afife e da Serra de Arga.

A sua vasta obra, por muitos elogiada, continua votada ao esquecimento. Esquecimento esse que a Autarquia pretende atenuar com a realização desta exposição que estará patente ao público, de Segunda a Sexta-feira, das 9h00 às 12h30m e das 14h00m às 18h30m, naquele espaço cultural municipal.
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