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Cabeceiras de Basto recria Lavoura Tradicional

Pelo quarto ano consecutivo é reacriada a lavoura tradicional

28 de abril, 2011
Lavoura Tradicional
Com o objectivo de reviver tradições, recriando os trabalhos rurais outrora usuais nesta terra e divulgá-los junto das gerações mais novas promovendo simultâneamente o convívio inter-geracional e a partilha de saberes ancestrais, a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e a Emunibasto, com o apoio da Basto Viva, vão promover no próximo Sábado, dia 30 de Abril de 2011, a Lavoura Tradicional.
Uma iniciativa que este ano antecede a comemoração do Dia do Trabalhador, anualmente assinalado a 1 de Maio.

Assim, pelo quarto ano consecutivo dezenas de pessoas estão “convocadas” para dar corpo a esta iniciativa que conta ainda com o apoio de algumas Juntas de Freguesia, assim como, de muitos particulares que habitualmente participam nesta jornada etnográfica e cultural.

Este ano, num novo espaço, a reacriação da lavoura tradicional terá lugar na Quinta Pedagógica, no Arco de Baúlhe. Uma propriedade adquirida pela Câmara Municipal para aí desenvolver não só iniciativas em torno das actividades agro-pecuárias, como forma de salvaguardar e divulgar todo um património imaterial que a passagem do tempo e o recurso à alfaias mecanizadas vai deixando cair em desuso e lentamente apagando da memória colectiva das gentes desta terra de Basto, mas também, desenvolver projectos inovadores capazes de contribuir para o desenvolvimento sutentável do concelho.

Na iniciativa é esperada a presença de muitos jovens, menos jovens e população em geral, uns para participar, outros para assistir a esta lavra à moda antiga, onde várias juntas de gado maronês e barrosão, puxarão arados e grades, desbravando a terra e criando condições para o cultivo do milho. Uma prática de amanho outrora muito usual nesta terra minhota, mas que o tempo foi substituindo por tractores e alfaias mais modernas, recorrendo por isso, à necessidade de envolver menos gente nos diferentes afazeres agrícolas.

Em tempos, o sector mais abrangente do concelho, a agricultura foi cedendo lugar aos sectores secundário e terciário, que actualmente ocupam grande parte da população cabeceirense. Recordações para uns, prática ainda diária para outros e novos conhecimentos para a maioria, assim se traduz esta jornada, dominada por melodias tradicionais e enriquecida com a gastronomia local.

A Lavoura propriamente dita começa cedo – pelas 8h30m - com a concentração das pessoas na Quinta Pedagógica, que, após tomar o “mata-bicho” (broa e aguardante) e uma vez munidos de alfaias agrícolas diversas, darão início aos trabalhos da lavoura inerentes à semeada do milho. Espalhar o estrume, lavrar da terra, passar a grade e finalmente semear o milho, são as tarefas a efectuar ao longo da manhã. Como é hábito, está igualmente prevista uma pausa para que os ‘agricultores’ possam degustar o pequeno-almoço, composto por pataniscas, broa, tremoços, azeitonas, figos, sortido, vinho e água.

Os trabalhos retomarão de seguida, antes que o sol aperte. Terminada a lavoura, as toalhas serão estendidas em pleno campo para o repasto, cuja ementa, típica, integra bacalhau frito, feijoada e arroz seco, entre outras iguarias comummente utilizadas e que anualmente têm registado o agrado de todos os presentes. No final, a lavoura tradicional, dará lugar à festa popular – pelas 14h00m - ao som do ‘Grupo de Cavaquinhos da Raposeira’, dos alunos de concertina da Casa do Povo do Arco de Baúlhe e da Casa da Música, mas também de outros tocadores de concertinas e cavaquinhos, mas também de cantadores que de forma espontânea aparecem no local para interpretar vários temas musicais.

Trata-se assim, de uma jornada que visa divulgar e preservar os usos e costumes que, para uns representam o recordar de outros tempos e para as gerações mais novas, uma verdadeira “lição” de história, cultura e etnografia. Trata-se por isso de uma jornada salutar, um convívio intergeracional e o avivar das tradições de um povo com matriz essencialmente rural, que a organização anualmente pretende proporcionar aos Cabeceirenses e a todos os que nos visitam nesta época.
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