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Festas das Papas

Local
Gondiães - Cabeceiras de Basto

Data
20/01/2010

No dia 20 de Janeiro de 2010, em Gondiães, concelho de Cabeceiras de Basto.

Anualmente, nesta data, celebra-se a famosa “Festa das Papas”, alternadamente em dois lugares: anos ímpares no Samão e anos pares em Gondiães, na freguesia de Gondiães, concelho de Cabeceiras de Basto.

Segundo tradição oral local:”Há muitos anos veio para cá uma epidemia que matava toda a gente e os animais, foi por isso que os nossos antepassados prometeram dar do melhor que tinham a todas as pessoas que por aqui aparecessem em honra de S. Sebastião. O melhor que tínhamos era o pão, vinho e a carne de porco”.

Esta epidemia remonta ao século XIV, a chamada Peste Negra, que se espalhou pela Europa, atingindo Portugal em 1348. É tradição realizar-se sempre nesta data, “pois foi quando os nossos antepassados prometeram”.

Os preparativos iniciam-se, três dias antes e confeccionam-se na “Casa do Santo”, um edifício utilizado exclusivamente para este fim; aqui se cozem as broas (várias arrobas de farinha), em lenha de ervideiro e medronheiro, e se fazem as papas. As broas são confeccionadas pelas mulheres.

Para se fazerem as papas matam-se dois porcos, comprados pela Comissão de Festas (sendo que os populares também oferecem carne). As papas são da exclusiva responsabilidade dos homens. Cada um leva cerca de cem tigelas de papas, nos quais colocam a carne de porco a cozer; posteriormente retiram a carne e na água da cozedura juntam a farinha e o sal.

Por tradição as papas só podem ser confeccionadas a partir da meia-noite.

No dia 20 a agitação é grande entre a população e os visitantes. A missa celebra-se às onze horas na Capela de S. Sebastião; por volta do meio-dia, sai a procissão com o andor de S. Sebastião até à Casa do Santo, para a bênção das papas, as broas, o vinho verde americano e a carne.

A seguir à bênção prossegue-se para o “Campo das Papas”; aqui se estendem as toalhas de linho, que atingem 20 metros de comprimento e 60 cm de largura e um homem pega numa vara, que serve de medida, para distribuir os alimentos. A cada vara corresponde uma broa, uma posta de toucinho, uma tigela de papas e o vinho, ou melhor o carolo ou mezinha, pois tanto as broas como as papas já foram benzidas.

Depois deste repasto campestre, com os alimentos que sobraram, efectua-se um leilão para S. Sebastião.
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