O júri elegeu este conto pela “elevada qualidade linguística e literária, que compreende um hábil uso de ironia, de pitoresco e de imaginação”. “O autor revela uma invulgar competência – quer no domínio do relato, quer no domínio da descrição”, lê-se na ata do concurso, mas também, que o “autor foi capaz, com indiscutível graça e eficácia, de conciliar alguma complexidade discursiva com o uso – sempre pertinente – de certo registo familiar ou popular (de cariz, por assim dizer, oralizante), o que torna mais leve o enunciado narrativo”.

No que se refere à intriga, vale a pena dizer que o leitor encontra, neste conto, um divertido cruzamento de aventuras épico-líricas com episódios domésticos, afinal muito simples e familiares. A narrativa vencedora comporta um manancial muitíssimo interessante de vocabulário e de sugestões de intertextualidade. É também uma curiosíssima alegoria sobre certa diária-simples-humana lida a que todos os seres humanos estão sujeitos: a lida de resistir, de sobreviver. E este poderia ser um relato dramático e trágico, se pintado com as cores tristes da vulgaridade e da fatalidade; mas também pode ser (e é) uma rica e colorida festa se, como acontece no conto de Luís Pedro Batista de Araújo e Castro, o discurso narrativo for luminoso, divertido, sensível e inteligente.

A entrega dos prémios aos vencedores decorreu no domingo, dia 26 de outubro, nos Claustros do Mosteiro de S. Miguel de Refojos, encerrando assim, a Semana dedicada à Cultura e à Educação. Esta singela cerimónia contou com a presença do presidente da Câmara Municipal, Dr. Serafim China Pereira, do vereador Prof. Mário Leite e do presidente da União de Freguesias de Refojos, Outeiro e Painzela, Leandro Campos, entre outros autarcas, convidados e público em geral.

O segundo prémio foi entregue ao trabalho 'Basceiras de Cabeto' de autoria de Joana Bico da Silva Barata, da Costa da Caparica. Neste conto, a autora brinca, de forma muito hábil, com o nome de Cabeceiras de Basto, deixando perceber que é um anagrama do topónimo do concelho cabeceirense e assumindo, deliberadamente, a inclusão – em boa verdade, surpreendente – da rima num enunciado que é, à partida, feito de prosa. Essa coexistência torna a leitura em voz alta mais apelativa.

Em terceiro lugar ficou Diana Piedade Bento Venda, de Porto de Mós com o trabalho 'Conhecer é lembrar, viver é descobrir'. A jovem apresenta uma história cheia de motivos de interesse, com uma qualidade literária indiscutível (quer em termos de conteúdo, quer em termos de forma). A autora opta, algo singularmente, pela narrativa aberta, circunstância muito produtiva do ponto de vista da interpretação. O conto oferece algumas ilustrações curiosas, que não eram obrigatórias, segundo o regulamento, mas acrescentam uma beleza plástica não despicienda quando falamos de literatura infanto-juvenil.

A menção honrosa para o melhor jovem escritor foi atribuída ao texto 'Voar' de autoria de Gonçalo Esteves Coelho, de Agualva. Trata-se de uma fábula interessante, com uma mensagem claramente ecológica, que funciona como um aviso – algo trágico – para a iminência do desaparecimento da floresta (metonímia óbvia do próprio planeta, em perigo devido ao avanço que a civilização das máquinas e do cimento representa).

Na oportunidade e em representação do júri, Fátima Marinho, felicitou a Câmara Municipal pela exemplar persistência com que vem patrocinando esta iniciativa, que promove, divulga e incentiva à escrita e à literatura, "essa tão artesanal forma de criar beleza".
Felicitou ainda todos os vencedores, assim como os mais de trinta participantes, cuja qualidade dos trabalhos apresentados dificultou a tarefa do júri, mas que foi unânime na seleção dos vencedores.

O Presidente da Câmara Municipal, Dr. China Pereira, felicitou os participantes em geral assim como os vencedores em particular referindo que se à Câmara compete promover a cultura com a dinamização deste tipo de iniciativas, estas só fazem sentido se houver participantes. O autarca mostrou-se assim, satisfeito pela adesão que este concurso de dimensão nacional anualmente tem e desejou as maiores felicidades aos vencedores desta nona edição do Concurso Literário - Conto Infantil lançando-lhes o desafio de “continuarem a escrever para as nossas crianças para que possam crescer do ponto de vista cultural e humano”.

Unânimes foram os vencedores, que no uso da palavra, agradeceram esta oportunidade que lhes permitiu participar e continuar a fomentar o seu gosto pela escrita, nomeadamente pelo conto infantil.

De acordo com o regulamento do concurso, os três primeiros classificados receberam prémios no valor de 500, 300 e 200 euros, respetivamente.

A iniciativa, promovida pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto através da Biblioteca Municipal Dr. António Teixeira de Carvalho, que decorreu até ao dia 31 de agosto, teve como destinatários, pessoas que ainda não tivessem nenhum livro publicado na área da literatura e cujos trabalhos fossem reveladores de criatividade, imaginação, qualidade literária, organização, coerência e coesão de texto, obedecendo às características do género em questão e fazendo alusão ao concelho de Cabeceiras de Basto.

Ao realizar este tipo de iniciativa, a autarquia de Cabeceiras de Basto visa criar e consolidar hábitos de leitura e de escrita, promover a escrita criativa, valorizar a expressão literária, divulgar autores portugueses e aspetos relativos à cultura literária e ainda valorizar a cultura Cabeceirense, através de uma atividade que estimulasse um envolvimento da população.

No presente ano apresentaram-se a concurso 32 candidatos de diferentes regiões do país, sendo que o júri este ano,foi constituído por Alice Vieira, Fátima Marinho e Joaquim Jorge Carvalho.