Relíquia da Igreja do Mosteiro de S. Miguel de Refojos devolvida à comunidade
Município de Cabeceiras de Basto assume responsabilidade de preservação do património
18 de fevereiro, 2014
Foi apresentada ao público no fim-de-semana passado, na Igreja do Mosteiro de S. Miguel de Refojos, uma tela de grandes dimensões que cobre o altar-mor e que se julgava perdida, mas que foi encontrada em 2013, no âmbito de um levantamento de necessidades de intervenção de conservação mandado efetuar pela Câmara Municipal às Oficinas Santa Bárbara.
A pintura, com 7,5 metros de altura e 2,9 metros de largura, representa a Santíssima Trindade e S. Miguel, no seu aspeto mais guerreiro, uma obra que será datada da segunda metade do séc. XVIII e atribuída a Pascoal Parente.
Nesta sessão pública de apresentação da tela, que permanecerá no retábulo até à Páscoa, marcaram presença os presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, Dr. China Pereira e Eng. Joaquim Barreto, o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, o pároco de Refojos, Outeiro e Painzela, Pe. Manuel Baptista, entre outras entidades religiosas e civis e, ainda, paroquianos em geral.
A apresentação dos trabalhos que foram efetuados ao nível do tratamento da tela, assim como da limpeza e higienização da máquina do altar-mor, esteve a cargo da Dra. Olga Santa Bárbara das Oficinas Santa Bárbara – conservação e restauro.
Na oportunidade, o presidente da Câmara Municipal, Dr. China Pereira, manifestou a sua “grande satisfação” por participar nesta iniciativa, dando os parabéns à Paróquia de S. Miguel de Refojos e aos responsáveis pela recuperação desta tela.
“A apresentação desta obra de valor patrimonial relevante é uma oportunidade de mostrar às pessoas uma peça única que não fica guardada num qualquer espaço de reservas museológicas, mas que está à vista de quem aqui entra e, dessa forma, contribuiu para a consciencialização de todos do valor do nosso património e da importância da sua proteção, defesa e valorização por parte da sociedade”, salientou China Pereira, reafirmando que “a preservação dos bens que os nossos antepassados nos legaram é uma responsabilidade de todos nós”.
O autarca salientou, ainda, que ao longo das últimas duas décadas, o Município de Cabeceiras de Basto “assumiu essa responsabilidade, muitas vezes sozinho, muitas outras em parceria com a paróquia e outras, ainda, com o apoio do Estado, a quem cabe, aliás, a proteção e defesa desta Igreja de S. Miguel de Refojos”, descrevendo “as inúmeras obras de restauro e conservação” efetuadas pela Câmara Municipal na Igreja.
São exemplo dessas intervenções, as pinturas de conservação e beneficiação da Igreja e do Mosteiro; as obras de reparação e substituição do telhado (1999); a grande reparação do zimbório da Igreja (2000); a intervenção de limpeza e beneficiação do coro alto (2001); a beneficiação e reabilitação da antiga cela do castigo dos frades, atualmente de Capela Mortuária (2005); a grande intervenção na antecâmara e antiga Sacristia para a instalação do Núcleo Museológico de Arte Sacra (2008); a recuperação total do Órgão de Tubos (2009); a recuperação de duas telas que se encontram no Núcleo Museológico (2011); a recuperação de mais 9 telas e 4 espelhos que estão no Núcleo Museológico (2013), entre outras.
Enaltecendo este que “é um monumento histórico de valor transcendental”, China Pereira salientou que a Câmara Municipal está a preparar uma candidatura do Mosteiro – o maior ex-libris de Cabeceiras de Basto e da nossa região – a Património Mundial da UNESCO e que para tal conta “com o apoio da Paróquia e com o apoio de todos os Cabeceirenses”, pois este “é um património nosso e, por isso, devemos protegê-lo”, destacou o autarca. E sublinhou: “esta será certamente uma oportunidade única de catapultar Cabeceiras de Basto para um patamar único de prestígio internacional”.
China Pereira disse também que “estamos a fazer tudo o que nos é possível para conseguirmos fazer aprovar uma candidatura que nos permita continuar a intervir na recuperação e valorização dos altares e na reabilitação de outros espaços e elementos estruturais do edifício”, contando para isso com o apoio da Igreja e com o apoio da Direção Regional da Cultura do Norte porque “só unindo esforços poderemos alcançar resultados positivos na conservação e reabilitação deste Mosteiro”.
Garantindo que a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto “continuará a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para proteger e valorizar o património cultural de todos nós”, China Pereira finalizou, afirmando que “a beleza da tela que hoje é aqui apresentada demonstra bem a oportunidade e a importância das obras que vão sendo concretizadas na defesa deste Monumento Beneditino”.
Na sua intervenção, o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, reconheceu o envolvimento da comunidade na recuperação desta tela, afirmando que “valeu a pena o esforço”.
D. Jorge Ortiga lamentou a “incúria” a que estão voltados muitos locais sagrados, desejando que o “espírito da preservação do património se imponha.
O Arcebispo Primaz apelou à união de esforços entre todos – Igreja, Ministério da Cultura, Autarquia e Comunidade, garantindo que “só de mãos dadas conseguiremos fazer com que estes espaços sejam aquilo que sempre foram”.
Momento da intervenção do Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga
Momento da intervenção do presidente da Câmara Municipal, Dr. China Pereira