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Odete Santos inaugurou exposição dedicada à «Mulher no Estado Novo»

Exposição pode ser visitada até 9 de maio na Casa Municipal da Cultura

26 de abril, 2013
Odete Santos inaugurou exposição dedicada à «Mulher no Estado Novo»
A antiga deputada da Assembleia da República pelo Partido Comunista Português (PCP), Dra. Odete Santos, inaugurouno dia 23 de abril, na Casa Municipal da Cultura de Cabeceiras de Basto a exposição ‘A Mulher durante o Estado Novo’, uma mostra composta por 23 painéis que estarão patentes ao público até ao próximo dia 9 de maio.
A cerimónia contou com a presença dos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, Eng. Joaquim Barreto e Dr. Serafim China Pereira, dos vereadores Dr. Domingos Machado, Francisco Pereira e Margarida Coutinho, do presidente da Junta de Freguesia de Refojos, entre outros autarcas, convidados e público em geral.

Durante a inauguração, o Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto (CTCMCB) brindou a plateia com a interpretação de poesias que colocaram em evidência figuras femininas que se destacaram no Estado Novo, com destaque para Catarina Eufémia, Sophia de Mello Breyner, Natália Correia e Cecília Supico Pinto.

Numa simbiose de imagem e texto, os painéis – cedidos pela Biblioteca Museu República e Resistência, pertença da Câmara Municipal de Lisboa – versam sobre a condição da Mulher na sociedade portuguesa, de acordo com os princípios consagrados na Constituição de 1933 e que vigorou até à revisão da mesma, após a revolução de 25 Abril de 1974.

Na exposição são igualmente retratadas grandes instituições como a ‘OMEN - A obra das Mães para a Educação Nacional’, a ‘Mocidade Portuguesa Feminina’ e o ‘Movimento Nacional Feminino’ MNF que, em contextos diversos, constituíram frentes fundamentais do regime até à década de 70, onde os sinais de viragem das mentalidades se começavam a evidenciar. Destaque, ainda, para a publicação, em 1972, do livro ‘Novas Cartas Portuguesas’ da autoria de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa e respetivas consequências.

Numa análise atenta à exposição em causa, são assinaladas figuras femininas que, de alguma forma, se destacaram, desde a literatura à política, durante o período em causa.

Depois de agradecer o convite e elogiar a performance das atrizes do Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Odete Santos partilhou com o numeroso público presente alguns dos aspetos mais relevantes do antes 25 de Abril de 1974.

Na sua intervenção, a antiga deputada da Assembleia da República pelo PCP recordou a Mocidade Portuguesa Feminina, as Ditaduras Fascistas, o Elogio à Pobreza, o culto ao chefe, a separação por sexos, a formação rigorosa das raparigas, os uniformes, entre outros, contando episódios caricatos do tempo do Estado Novo – regime liderado por António Oliveira Salazar – onde “havia uma grande diferença entre rapazes e raparigas” e onde vigorava a Lição de Salazar: “Deus, Pátria e Família”.

“No Estado Novo, a mulher tinha um estatuto de inferioridade em relação ao homem e foi muito discriminada”, lamentou Odete Santos, elogiando a figura do seu pai – “um homem extraordinário que não acreditava na segregação por sexos, dando à sua filha uma educação igual à dos rapazes”.

Fazendo uma analogia com a célebre frase de Salazar – “Portugal é um país pobre, um país triste e um país do Fado” – Odete Santos disse: “hoje, a súmula da política atual do Governo, parece ser a mesma: o elogio à pobreza”.

Desejando que houvesse “mais mulheres na política” e questionada sobre que legado deixa às mulheres portuguesas, Odete Santos disse ter deixado “um exemplo de luta” e um exemplo “contra as injustiças”.
Nascida em 1941, Odete Santos esteve 26 anos na Assembleia da República. Tinha 33 anos de idade quando se deu a Revolução do 25 de Abril de 1974.

“É uma brilhante oradora pela sua consistência e pela substância das suas palavras. É uma mulher de intuições, sábia, culta e com uma vasta cultura política”, afirmou, na sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Eng. Joaquim Barreto.

Mostrando o seu regozijo pela presença da antiga deputada na inauguração da exposição ‘A Mulher durante o Estado Novo’, o autarca enalteceu as conquistas do 25 de Abril, desafiando a população a “saber defender os valores e ideais de Abril e a lutar pelos direitos” alcançados pela Revolução dos Cravos. A este propósito, enumerou as conquistas em todos os setores da sociedade, desde logo na educação, na saúde e na cultura, “direitos que estão atualmente a ser postos em causa e que têm de ser reganhados” pelos portugueses.

No encerramento desta sessão cultural, o presidente da Assembleia Municipal, Dr. China Pereira, elogiou a organização do evento pela iniciativa, assim como a oradora pela valorosa comunicação sobre o papel da mulher no Estado Novo, compartilhando com a plateia “o seu conhecimento e a sua cultura”.
Recordando a “história do nosso povo”, China Pereira exaltou as conquistas de Abril e o sentido de democracia dos portugueses.

Esta foi mais uma iniciativa integrada no âmbito das Comemorações do 25 de Abril em Cabeceiras de Basto, uma iniciativa que tem amanhã o seu ‘ponto alto’, a partir das 10.45 horas nos Paços do Concelho, com a sessão solene da Assembleia Municipal e entrega de condecorações: Medalha de Mérito Público (grau ouro) ao Eng.º Carlos Duarte e a título póstumo ao Major General Rui Cardoso Teixeira; Medalha de Mérito Público (grau prata) a José Magalhães e a título póstumo a António Maria Rebelo; Medalha Municipal de Bons Serviços (grau prata) a Artur Alves e a Manuel Pinto de Sousa.

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