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Município restaura mais nove telas a óleo e quatro espelhos

Acervo patrimonial do Núcleo de Arte Sacra da Igreja de S. Miguel de Refojos enriquecido pelo restauro de pinturas

20 de março, 2013
Município de Cabeceiras de Basto restaura mais nove telas a óleo e quatro espelhos
Já podem ser visitadas no Núcleo Museológico do Baixo Tâmega (Núcleo de Arte Sacra) as nove telas a óleo e os quatro espelhos da antiga sacristia, peças que foram recuperadas pelo Município de Cabeceiras de Basto e que agora estão ao dispor dos visitantes naquele núcleo do Museu das Terras de Basto, sediado no Mosteiro de S. Miguel de Refojos.
As peças foram apresentadas ao público no dia 14 de março, no Núcleo Museológico do Baixo Tâmega, uma cerimónia que contou com a presença da diretora Regional da Cultura do Norte, Arquiteta Paula Silva, que se fez acompanhar pelo presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Eng. Joaquim Barreto, pelos vereadores Dr. Domingos Machado e Francisco Pereira, pela diretora do Museu das Terras de Basto, Dra. Isabel Fernandes, pelos restauradores Dr. Pedro Santa Bárbara e Dra. Olga Santa Bárbara, pelo diretor do Museu Alberto Sampaio, Manuel Azevedo Graça, entre outros convidados e público em geral.

As nove telas agora restauradas são ‘Padre Eterno’, ‘Incredulidade de S. Tomé com S. Domingos de Gusmão Orante’ e ‘Adoração aos Pastores’ – três obras do período maneirista que vêm sendo atribuídas ao pintor portuense Francisco Correia (1568-1616) – e ainda as pinturas de ‘S. Bento’ (inícios do séc. XVII), ‘Santa Maria Madalena’ (finais de séc. XVII), ‘Cristo Redentor’ (finais de séc. XIX), ‘D. Gomes Soeiro’ (séc. XVII), ‘Bandeira Processional Virgem/Anjos’ (séc. XIX) e ‘Bandeira Processional Calvário’ (segunda metade séc. XVI).

Refira-se que ao longo do ano de 2012, o acervo patrimonial do Núcleo de Arte Sacra da Igreja de S. Miguel de Refojos foi sendo enriquecido pelo restauro de pinturas a óleo sobre tela, cujas nove recentes intervenções se vêm juntar agora às já recuperadas pinturas intituladas ‘Alegoria à Imaculada Conceição’ (c. 1600) e ‘Anunciação’ (c. 1600), cuja autoria também é atribuída a Francisco Correia, e que perfazem, assim, um total de 11 telas restauradas.

Foram, ainda, alvo de conservação e restauro quatro espelhos da antiga sacristia, cujo desenho é de Frei José de Santo António de Vilaça, monge beneditino, que executou obra para as grandes casas beneditinas do norte de Portugal.

Por se apresentarem em avançado estado de degradação, a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto considerou premente esta intervenção de conservação e restauro, tendo em vista a sua preservação.
As peças que se encontravam “muito maltratadas e em profunda degradação” foram restauradas pelas Oficinas Santa Bárbara Conservação, Restauro e Divulgação de Bens Culturais, Lda.

Na sua intervenção, o autarca destacou “a importante obra de recuperação das telas e dos espelhos”, agradecendo a colaboração “muito próxima” da Direção Regional da Cultura do Norte, do Museu das Terras de Basto e do pelouro da Cultura do Município.

“Este foi um processo contínuo e de grande persistência, que com a colaboração de todos foi possível alcançar resultados positivos”, disse Joaquim Barreto destacando que “este é um trabalho contínuo que não queremos parar”.

Depois de evidenciar as obras que foram executadas ao longo dos anos na Igreja e no Mosteiro de S. Miguel de Refojos, com destaque para as intervenções no zimbório, no órgão de tubos e na sacristia, o autarca afirmou que “a cultura é uma das prioridades do Município” e que desde a criação do Núcleo Museológico do Baixo Tâmega já foram investidos pela Câmara Municipal mais de 20 mil euros.

Apreciando o espólio concelhio como “um património rico, histórico, cultural e de grande valor”, Joaquim Barreto deu os parabéns aos restauradores Pedro e Olga Santa Bárbara pelo trabalho que fizeram na recuperação das telas daquele núcleo museológico.

Declarando que “a Câmara Municipal tem feito um esforço na crescente valorização do Mosteiro de S. Miguel de Refojos”, a diretora Regional da Cultura do Norte, Arquiteta Paula Silva, disse que “o património é da responsabilidade de todos nós” mas “não nos pertence. Foi-nos deixado pelos nossos antepassados e cabe-nos, a nós, preservá-lo para as gerações vindouras”, como é o caso do Mosteiro de S. Miguel de Refojos, local de culto “magnífico” e “fora de série” que merece ser visitado.

Ciente de que a Igreja do Mosteiro necessita de obras, a diretora regional da Cultura reconheceu que “este é um monumento a candidatar ao próximo QREN 2014/2020”.

A arquiteta Paula Silva disse ainda que “o turismo está a aumentar de forma muito significativa na região norte”, sendo, por isso, “uma riqueza brutal para a economia local”.

Neste sentido, a diretora regional da Cultura considerou que “o Mosteiro de S. Miguel de Refojos pode estar integrado na rede patrimonial” que está a ser definida por aquela direção regional, com o intuito de valorizar o património e os territórios, impulsionando o turismo cultural e a economia regional.
 
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