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Dr. Mário Soares e Dr. António José Seguro em Cabeceiras de Basto

Livro de autoria do cabeceirense Prof. Doutor Luís Vaz «Palma Inácio e o Golpe dos Generais (1947)» apresentado

30 de abril, 2012
Visita Dr. António José Seguro e Dr. Mário Soares
A convite da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, o Dr. Mário Soares e o Dr. António José Seguro associaram-se no dia 27 de abril, ao programa comemorativo do 25 de Abril em Cabeceiras de Basto, que assinala o 38.º aniversário da Revolução dos Cravos, ocorrida em 1974.
A jornada começou com uma visita ao Mosteiro de S. Miguel de Refojos, seguida de deslocação à alameda frontal ao Palácio da Justiça, onde o Dr. Mário Soares, procedeu ao descerramento de uma lápide alusiva à sua passagem por este concelho, na rua que o executivo municipal - sob proposta da Comissão Municipal de Toponímia - decidiu, em 2009, designar de ‘Alameda Dr. Mário Soares’. A atribuição deste topónimo homenageia assim, o político, o ex-presidente da República, o advogado e o defensor dos direitos humanos, cuja ação muito contribuiu para um Portugal livre e democrático.

O programa prosseguiu no Auditório Municipal Ilídio dos Santos, perante uma sala repleta, onde se procedeu ao lançamento do livro de autoria do cabeceirense Prof. Doutor Luís Vaz, intitulado ‘Palma Inácio e o Golpe dos Generais (1947)’. Uma obra cujo prefácio é do Dr. Mário Soares, que considera o protagonista - Palma Inácio - um homem valente, com um caracter extraordinário, de quem era amigo e admirador.

Na abertura desta sessão, o edil cabeceirense, Engº Joaquim Barreto, após saudar os presentes, agradeceu a comparência de tão ilustre painel, considerando este como um momento único, de grande valor simbólico para Cabeceiras de Basto. Um dia assinalado, não só pela presença do Dr. Mário Soares ‘protagonista’ marcante da nossa história recente, “político de intervenção e um dos mais representativos símbolos da luta pela liberdade e pela democracia”, mas também, pela presença do Dr. António José Seguro, homem de causas públicas, que cedo despertou para a política e que no seu papel atual tem vindo a fazer uma oposição crítica e alternativa a quem tem a responsabilidade de servir o país.

O autarca partilhou ainda a sua preocupação pela forma como este Governo está a agir em relação ao poder local, uma das mais importantes conquistas de Abril. O poder local democrático que este Governo tem esquecido enquanto legítimo representante da população, pondo em prática um conjunto de medidas que interfere, comete ingerências e viola a ação do poder local, não estando por isso, a cumprir os ideais de Abril. “Vivemos tempos difíceis, com o aumento do desemprego, da pobreza, o encerramento de serviços públicos e consequentemente o aumento das desigualdades”. A terminar, realçou a urgência de governar para os Portugueses e com sentido de responsabilidade, garantindo que “continuaremos a lutar para que o 25 de Abril se cumpra”.

Finda a apresentação da obra alusiva a Palma Inácio, o D. Mário Soares falou sobre ‘As Causas e os Valores de Abril e o Portugal de Hoje’. Considerou o 25 de Abril como “qualquer coisa única, que nos marcou a todos”, com percussões aquém e além fronteiras nomeadamente nas ex-colónias ultramarinas, conseguindo desde então o respeito daqueles países. Volvidos mais de trinta anos, extraordinários, de progresso do país, disse estarmos hoje numa situação difícil, a propósito da qual criticou as políticas de austeridade adoptadas no país e na Europa e disse ser necessário e urgente criar desenvolvimento e emprego.

Da mesma opinião partilhou o Dr. António José Seguro, que no uso da palavra, e face à conjuntura internancional, considerou ser necessária a austoridade, mas não no ritmo que tem sido imposta. Temos que a conciliar com o crescimento, pois “há pessoas que já não aguentam mais”. Quando olhamos para um país não podemos olhar só para um orçamento mas para as pessoas, sobretudo para as que mais precisam. Os portugueses merecem o nosso respeito, não se pode prometer e não cumprir, frisou o Dr. António José Seguro, que considera fundamental adoptar uma estratégia económica e de emprego e desta forma dar dimensão económica e social ao pacto. Adiantou ainda que o grande objectivo é trabalhar nos próximo anos para Governar e tudo fazer para que na passagem dos 50 anos da revolução de Abril, o país seja um país diferente onde se possa dizer que o sonho coletivo de viver em democracia foi possível, mas que também o foi o sonho individual de viver em democracia.

Após um participado espaço para debate, o Presidente da Assembleia Municipal de Cabeceiras de Basto, Dr. Serafim China Pereira, encerrou esta conferência, enaltecendo os valores alcançados no 25 de Abril, nomeadamente no que ao poder local diz respeito, garante de bem-estar às populações e que hoje, se vê confrontado com uma grave crise, com cortes que ‘limitam’ a aplicação dos ideais de Abril. Na oportunidade o autarca distinguiu o Presidente da Câmara Engº Joaquim Barreto, pelo trabalho que tem feito em prol do desenvolvimento do concelho. O autarca teceu ainda elogios aos oradores convidados, Dr. António José Seguro e Dr. Mário Soares, cuja ação, pautada pelos valores da liberdade, igualdade e fraternidade, tem contribuido para o progresso do país.

O programa comemorativo do 25 de Abril, prossegue sábado, dia 28, com a apresentação da peça ‘Olhar Fraterno – tributo a Zeca Afonso’. Um espetáculo levado à cena pelo Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, que está agendado para as 21h30m, no edifício do Centro Hípico, em Vinha de Mouros, Refojos de Basto. O espetáculo que pretende “dar a conhecer a vida, os amores, os desamores, a luta, o labirinto de emoções e sensações que o enorme Zeca Afonso viveu” no ano em que passam 25 anos após a sua morte, encerra assim, o programa comemorativo do 25 de Abril, organizado pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e pela empresa municipal Emunibasto, com o apoio da ADIB – Associação Dinamizadora dos Interesses de Basto, dos Bombeiros Voluntários Cabeceirenses e da Banda Cabeceirense.

Um programa diversificado e inter-geracional, que de 21 a 28 de Abril, em diferentes ‘palcos’ do território, envolveu os cabeceirenses e enalteceu os valores da revolução dos cravos ocorrida em 1974.


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