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Câmara restaura pinturas do Mosteiro de S. Miguel de Refojos

Intervenção de conservação e restauro teve em vista a preservação das obras

22 de fevereiro, 2012
Câmara restaura pinturas do Mosteiro de S. Miguel de Refojos  «Alegoria à Imaculada Conceição» e «Anunciação»
Encontram-se já patentes ao público no Núcleo Museológico do Baixo Tâmega (Núcleo de Arte Sacra) os dois quadros recentemente recuperados pertencentes ao acervo patrimonial do Mosteiro de S. Miguel de Refojos de Basto. Trata-se de duas pinturas a óleo sobre tela, intituladas ‘Alegoria à Imaculada Conceição’ (c. 1600) e ‘Anunciação’ (c. 1600).


A sua autoria é atribuída ao pintor portuense Francisco Correia (1568-1616) e inserem-se num conjunto retabular constituído por cinco pinturas tardo-maneirista e que possuem qualidade artística inquestionável.

Dado o avançado estado de degradação em que se encontravam a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto decidiu avançar com uma intervenção de conservação e restauro tendo em vista a sua preservação. O restauro destas importantes telas realizou-se num atelier de conservação e restauro do Porto.

Uma intervenção especializada, que teve em conta as particularidades das duas obras, cuja complexidade estrutural das telas se revela elemento essencial na plasticidade e interpretação das camadas pictóricas das duas pinturas.

O restauro implicou uma abordagem interdisciplinar que teve em conta uma reflexão sobre a problemática da intervenção de conservação e restauro a efetuar e o trabalho a realizar no suporte tecido que será posteriormente integrado numa tese de doutoramento sobre o uso de telas na pintura portuguesa, desde a sua implementação até à sua produção industrial.

Através deste estudo de conservação e restauro foi possível conhecer a estrutura dos suportes, os tipos de fibras, os fios de teia e de trama utilizados, as estruturas ortogonais representadas e suas densidades.
Por conferirem certa anisotropia ao suporte, estes elementos influenciam os demais estratos das pinturas, nomeadamente as camadas pictóricas.

Nestas pinturas de Francisco Correia, esta influência é bem visível na textura e plasticidade das camadas pictóricas, deixando transparecer as estruturas complexas das telas e acusando a presença de estratos pouco espessos, ambos tão determinantes na abordagem de conservação e restauro a seguir.

Desta forma, a análise das propriedades físicas, mecânicas e químicas dos materiais constituintes destes suportes tecidos contribuiu para um conhecimento mais aprofundado das obras, para ajudar a identificar as causas de degradação e ainda para determinar a abordagem de conservação e restauro seguido.

As duas telas encontram-se de novo patentes ao público no Núcleo Museológico do Baixo Tâmega, no Mosteiro de S. Miguel de Refojos.
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