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Especialistas debatem relação do Mosteiro de S. Miguel de Refojos com a Europa

II Seminário Internacional «Religião, Letras e Armas: da Europa Renascentista para Basto» reforça importância e significado patrimonial do Mosteiro

16 de junho, 2016
Especialistas debatem relação do Mosteiro de S. Miguel de Refojos com a Europa
O Diretor Regional de Cultura do Norte, Dr. António Ponte, presidiu esta manhã, dia 16 de junho, à abertura do II Seminário Internacional, segunda edição dedicada ao tema ‘Religião, Letras e Armas: da Europa Renascentista para Basto’ que decorre até amanhã na Casa do Tempo em Cabeceiras de Basto, onde se encontram especialistas nacionais e estrangeiros de várias universidades e instituições de cultura muito conceituadas
Ao longo destes dois dias se centrarão sobretudo na figura de humanistas de Quinhentos, do talhe de D. Diogo de Murça, Sá de Miranda, ou António Pereira, cuja obra e perfis são bem reveladores de um intercurso cultural de ideias e projetos de reforma que não conhecia fronteiras nacionais nem regionais.

Nesta sessão de abertura, que teve lotação esgotada e que junta mais de 100 pessoas, marcaram também presença o presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Francisco Alves, e os vereadores; a presidente do CITCEM - Centro de Investigação Transdisciplinar ‘Cultura, Espaço e Memória’ (sediado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto – FLUP), Dra. Cristina Cunha; o Prof. Pedro Vilas Boas Tavares que é investigador do CITCEM e membro da Comissão Organizadora do Seminário Internacional; e o presidente da Junta da União de Freguesias de Refojos de Basto, Outeiro e Painzela, Leandro Campos, entre outros autarcas.

Na oportunidade e depois de cumprimentar os conferencistas, participantes e restantes convidados, o presidente da Câmara começou por afirmar que “apesar da Comissão Nacional da Unesco não ter incluído agora o Mosteiro de S. Miguel de Refojos na Lista Indicativa de Portugal a Património Mundial, a Câmara Municipal aprovou, por unanimidade, esta segunda-feira, uma deliberação onde se decide que vamos continuar com o processo de candidatura do Nosso Mosteiro a Património Cultural da Humanidade”.

E continuou: “vamos continuar porque no Mosteiro, com natural destaque para o Templo Religioso, vemos valores excecionais de extraordinária beleza; vamos continuar porque não somos gente de desistir perante as dificuldades; vamos continuar porque queremos também que a curto prazo o Nosso Mosteiro seja declarado Monumento Nacional; vamos continuar os estudos com iniciativas como esta e outras no sentido de aprofundarmos cada vez mais o conhecimento da história deste Bem que consideramos universal”.

Perguntando à plateia “como se explica que metade dos bens da Lista sejam da cidade de Lisboa (5) e do Alentejo (6)?, Francisco Alves reafirmou a vontade da Câmara Municipal em continuar com o projeto de candidatura “porque o trabalho feito valeu a pena. Sabemos mais sobre o Mosteiro do que alguma vez se soube antes. Reforçamos a identidade do Mosteiro com os Cabeceirenses e com a Região. Nunca o Mosteiro foi tanto visitado como nos últimos dois anos”, justificou.

Por fim, Francisco Alves agradeceu à Comissão Organizadora deste II Seminário todo o trabalho e empenho neste evento que será certamente mais um passo marcante na investigação sobre a história e a importância do Mosteiro, nomeadamente no que diz respeito a Frei Diogo de Murça, um intelectual de dimensão europeia, mostrando-se também honrado com a presença do Diretor Regional da Cultura “que sempre tem estado ao nosso lado na defesa, valorização, proteção e também divulgação do Nosso Mosteiro”.

Na sua intervenção, o Diretor Regional de Cultura do Norte salientou que “a Europa precisa de um novo renascimento”, congratulando-se com o facto de a Câmara Municipal não desistir da candidatura a Património da UNESCO.

Sobre a inclusão do Mosteiro de S. Miguel de Refojos na Lista Indicativa a Património Mundial, António Ponte disse acreditar numa inclusão futura “à luz de uma nova égide cultural” de que é exemplo o roteiro cultural em torno de S. Bento.

Por seu turno, os investigadores do CITCEM, Dra. Cristina Cunha e Prof. Pedro Vilas Boas Tavares, explicaram à plateia os objetivos deste segundo seminário que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e o CITCEM/FLUP, dando também a conhecer todos os conferencistas, bem como todo o trabalho desenvolvido pelos mais de 300 investigadores CITCEM/FLUP em prol da divulgação e conservação do nosso Património.

Ao longo do dia de hoje estiveram em cima da mesa temas como ‘Courants réformateurs et irénique de la première moitié du XVI Siècle au Portugal et en Castille’ por Michel Boeglin da Universidade de Montpellier Paul-Valéry Montpellier 3; ‘Canela, clabo y otras cosas orientales: especias para reformar la vida monástica en Refojos’, um trabalho da autoria de Jacobo Sebastián Sanz Hermida da Universidade de Salamanca; ‘O culto litúrgico dos monges de Basto’ por José Amadeu Coelho Dias da Universidade do Porto/CITCEM; ‘Ora et labora: a interpretação franciscana de um lema beneditino. Exemplos Quinhentistas’ por Thiago Maerki, UNICAMP, Bolseiro CAPES/Brasil; ‘Leituras profanas em campo sagrado’ por Isabel Almeida da Universidade de Lisboa/CITCEM; ‘Leituras e letrados: exemplos beneditinos na livraria monástica antiga’ por Ana Isabel Líbano Monteiro da Biblioteca Nacional de Portugal; ‘Irmão Pedro de Basto (S.J.): a construção da sua memória hagiográfica’, um trabalho da autoria de Paula Almeida Mendes da Universidade do Porto/CITCEM; e ainda ‘Práticas e representações devotas em S. Miguel de Refojos’ por Luísa Jacquinet da Universidade de Coimbra.

O II Seminário Internacional ‘Religião, Letras e Armas: da Europa Renascentista para Basto’ organizado pelo Município de Cabeceiras de Basto e pelo CITCEM/FLUP vem, assim, de novo colocar em evidência a importância e significado patrimonial e cultural do Mosteiro Beneditino de Refojos de Basto às escalas regional e nacional mas também europeia.
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