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Casa do Tempo promove Ciclo de Tertúlias

«Festa das Papas (S. Sebastião): origem, rituais e memória popular»

29 de janeiro, 2014
Casa do Tempo promove Ciclo de Tertúlias
‘Festa das Papas (S. Sebastião): origem, rituais e memória popular’ é o tema da primeira tertúlia de um Ciclo que a Casa do Tempo de Cabeceiras de Basto vai promover mensalmente e cujo início tem lugar já na próxima sexta-feira, dia 31 de janeiro, pelas 21h00m, no auditório daquele novo equipamento municipal.
Este primeiro encontro tem como oradores: um representante do GAS - Grupo Associativo do Samão, coletividade a quem cabe a responsabilidade de ‘cumprir’, em anos ímpares, esta antiga promessa feita em tempos medievais pelas gentes do Samão; o cabeceirense Dr. Manuel Gonçalves, que sendo natural daquela aldeia sertaneja do concelho, fará uma abordagem desta tão peculiar tradição ao longo dos tempos; e a Dr.ª Fátima Marinho, autora do trabalho académico ‘Festa: na harmonia ou na luta – a fronteira do Nós’, abordando a comunidade, as suas crenças e festividades.

Convidados para este serão cultural, estão também os Presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal, Dr. China Pereira e Eng.º Joaquim Barreto, respetivamente, que irão partilhar com o público presente a sua visão sobre a importância deste tipo de tradições que integra a matriz cultural concelhia e representa motivos de atração de visitantes e pontos de encontro da população.

Recorde-se que ao promover a Festa das Papas, todos os anos no dia 20 de janeiro, a população honra S. Sebastião ‘advogado da fome, da peste e da guerra’ renovando a promessa feita pelos seus avoengos e atraindo à montanha milhares de visitantes.

Este ano – ano par – a Festa teve lugar em Gondiães, terra a quem cabe de forma alternada partilhar esta ‘responsabilidade’ popular. A ‘Festa das Papas’ realiza-se anualmente no concelho de Cabeceiras de Basto, de forma alternada, ora no lugar do Samão em ano ímpar, ora no lugar de Gondiães em ano par.

Trata-se de uma romaria antiga, que segundo a lenda local remonta à Idade Média, sendo justificada pelo facto dos povos que habitavam aquelas serras terem sido assolados por uma grande peste que atingiu humanos e animais. Para se verem livres da doença, os habitantes daquelas aldeias encravadas na serra, recorreram a S. Sebastião de quem eram devotos e que os terá libertado de tal ‘maldição’.

Então, como forma de gratidão, as pessoas prometeram que daí em diante fariam uma festa na aldeia e ofereceriam o que de melhor o povo tinha, ou seja, o pão, o vinho e a carne, a todos quantos ali se deslocassem para honrar o santo.

Desde então, todos os anos, no dia 20 de janeiro (dia de S. Sebastião), a promessa renova-se e a festa repete-se, exaltando assim um compromisso antigo assumido pelos seus antepassados.

É uma festa antiga, que envolve a comunidade e não se esgota no dia, já que uma semana antes começam os preparativos para a confeção do pão, o amanho das carnes, a reserva do vinho e a preparação das tradicionais ‘papas’ feitas com farinha de milho, para depois serem oferecidos a todos quantos se desloquem à aldeia. As tarefas, essas, são divididas entre homens e mulheres e a comida chega sempre.

No dia, após a missa celebrada em honra do padroeiro e a bênção dos alimentos, manda a tradição que se estendam toalhas brancas em mesas com dezenas de metros de cumprimento ao longo das quais os comensais se colocam para degustar tão apreciado e típico menu. Terminada a refeição, algumas pessoas levam consigo pedacinhos de pão que uma vez benzidos creem ter ‘mezinha’ e servirem de remédio para as doenças que afetam pessoas e animais.

Esta é uma das mais típicas romarias concelhias que anualmente atrai milhares de forasteiros ou devotos para a ‘Festa das Papas’.

A tertúlia ‘Festa das Papas (S. Sebastião): origem, rituais e memória popular’ é organizada pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto e pela Casa do Tempo e conta com o apoio do Grupo Associativo do Samão e da União de Freguesias de Gondiães e Vilar de Cunhas.

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