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Lavoura Tradicional assinala Dia do Trabalhador

Jornada na Quinta da Portela visa divulgar e preservar os usos de outrora

30 de abril, 2010
Lavoura Tradicional
Pelo terceiro ano consecutivo, Cabeceiras de Basto assinala o Dia do Trabalhador, dia 1 de Maio, com a realização de uma lavoura tradicional. Dezenas de pessoas estão “convocadas” para dar corpo a esta iniciativa a levar a cabo pela Câmara Municipal e pela empresa Emunibasto.
O evento conta com apoio de algumas Juntas de Freguesia, assim como, dos Espaços de Convívio e Lazer e de muitos particulares, que já se inscreveram para participar nesta jornada etnográfica e cultural.

A reacriação da lavoura tradicional terá lugar na Quinta da Portela, em pleno centro desta vila Cabeceirense, onde se espera a presença de muitos jovens, menos jovens e população em geral, uns para participar, outros para assistir a esta lavra à moda antiga, onde várias juntas de gado maronês e barrosão, puxarão arados e grades, desbravando a terra e criando condições para o cultivo do milho.

Uma prática de amanho outrora muito usual nesta terra minhota, mas que o tempo foi substituindo por tractores e alfaias mais modernas, recorrendo por isso, a menos gente.

Sendo antes o sector mais abrangente do concelho, a agricultura foi cedendo lugar aos sectores secundário e terciário, que actualmente ocupam grande parte da população cabeceirense. Recordações para uns, prática diária para outros e novos conhecimentos para a maioria, assim se traduz esta jornada.

A Lavoura propriamente dita começa cedo, com a junção das pessoas no Parque do Mosteiro, que, após tomar o “mata-bicho” partem em desfile para o campo ao som dos carros puxados a bois, trauteando cantorias e dando “dois dedos de conversa”. Homens e mulheres carregando alfaias agrícolas diversas, mas também cestos de merenda, darão início ao cortejo em direcção ao campo.

Uma vez no local, de imediato começam os trabalhos, com o espalhar do estrume, seguindo-se o lavrar da terra, a passagem da grade e finalmente a sementeira do milho. Tarefas efectuadas enquanto se entoam “modas” de outrora. A merenda e o almoço também obedecem aos costumes de antigamente.

A meio da manhã, está prevista uma pausa para que os agricultores possam degustar o pequeno-almoço, composto por bacalhau frito, pataniscas, broa e azeitonas, retomando-se os trabalhos antes que o sol aperte. Terminada a lavoura, as toalhas são estendidas em pleno campo para o repasto, cuja ementa, típica, integra arroz de feijão e carne, entre outras iguarias outrora utilizadas e que anualmente têm registado o agrado de todos os presentes.

No final, a lavoura tradicional, dará lugar, como habitualmente à festa popular, sob toque das concertinas, dos cavaquinhos e dos cantadores que de forma espontânea aparacem no local para interpretar vários temas musicais.

Uma jornada que visa divulgar e preservar os usos de outrora que, para uns representam o recordar de outros tempos e para as gerações mais novas, uma verdadeira “lição” de história, cultura e etnografia. Trata-se por isso de uma jornada salutar, um convívio intergeracional e o avivar das tradições de um povo com origens essencialmente rurais, que o Município de Cabeceiras de Basto anualmente pretende proporcionar aos Cabeceirenses e a todos os que nos visitam nesta data.

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