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Restauro de tocheiros e mobiliário na Igreja do Mosteiro de S. Miguel de Refojos

Oficinas Santa Bárbara, Câmara Municipal e Paróquia procuram mecenas para outras intervenções

14 de novembro, 2014
Restauro de tocheiros e mobiliário na Igreja do Mosteiro de S. Miguel de Refojos
Encontram-se a decorrer os trabalhos de recuperação e restauro de seis tocheiros e da Cruz do altar-mor da Igreja de S. Miguel de Refojos, em Cabeceiras de Basto. O restauro, que está a ser efetuado nas Oficinas Santa Bárbara, no Porto, foi possibilitado através de um mecenas que assumiu o encargo de todas as despesas e cujo valor ascende a 3000 euros.
 
Trata-se de tocheiros que se enquadram na rica talha dourada do Altar-mor, que muito provavelmente podem ser atribuídos a Frei José Vilaça e devem ter sido concluídos no triénio de 1764-1767. São estruturas piramidais, em que cada uma das três faces dos tocheiros apresenta uma decoração repetida de fina e requintada talha, inteiramente coberta a folha-de-ouro. De exuberante movimentação ondulante, aí se desenvolvem motivos florais e geométricos, onde sobressaem belas e delicadas cabeças de anjos alados.

Recorde-se que também durante os meses de setembro e outubro, foi feita uma intervenção no mobiliário da Sacristia Velha da Igreja de S. Miguel de Refojos (atualmente Núcleo Museológico de Arte Sacra), constituído por dois arcazes e dois contadores embutidos na parede, chapeados em madeira de jacarandá com estrutura em madeira de castanho, decorados com elementos de latão vazados e recortados. Uma obra dos inícios do século XVIII, cuja autoria confirmada é de Agostinho Marques, entalhador de Braga.

Estas peças de mobiliário já tinham sido objeto de vários restauros em épocas passadas, no entanto, para além de indícios evidentes da ação do inseto xilófago havia elementos estruturais em madeira que foram agora corrigidos.

Estes trabalhos levados a cabo por iniciativa do Museu das Terras de Basto, desta Câmara Municipal, realizaram-se em duas fases: primeiro procedeu-se à remoção cuidadosa das ferragens em latão finda a qual os móveis foram submetidos a um tratamento curativo e preventivo contra o inseto xilófago, através de aspersão e pincelagem. Já em oficina, foi feita a remoção de betumes e oxidações das peças metálicas, o que obrigou à utilização de banhos sequenciais, seguido de respetiva neutralização.

Em seguida, as peças foram objeto dum polimento mecânico e manual, bem como de proteção da superfície com verniz para metais; a segunda fase dos trabalhos correspondeu ao tratamento das madeiras e à recolocação dos elementos decorativos em latão no próprio local da sacristia. Foram substituídas as madeiras estruturais inapropriadas, fixados elementos deslocados e a superfície dos móveis foi inteiramente limpa, removendo-se as camadas de ceras, vernizes e outras substâncias que lhe tinham sido aplicadas ao longo dos tempos. Concluídos estes trabalhos, a superfície da madeira foi protegida com uma mistura cerosa a que se deu um polimento manual e onde se aplicaram os elementos decorativos em latão.

Esta intervenção proporcionou a recuperação do aspeto original deste mobiliário, nomeadamente da rica coloração da madeira de jacarandá e o brilho luminoso do dourado dos elementos em latão.

De referir ainda que as Oficinas Santa Bárbara têm vindo a colaborar com a Câmara Municipal e com a Paróquia no sentido de encontrarem novos mecenas para outras intervenções a levar a cabo, tendo em vista a conservação e valorização deste histórico, valioso e belo monumento que é o Mosteiro de S. Miguel de Refojos, atualmente alvo de uma candidatura a património cultural da humanidade.
 
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