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Município de Cabeceiras de Basto evocou 43 anos do 25 de Abril

Programa das comemorações do 25 de Abril teve ponto alto na sessão solene

26 de abril, 2017
Município de Cabeceiras de Basto evocou 43 anos do 25 de Abril
Realizou-se na manhã, dia 25, na Sala de Sessões da Assembleia Municipal a sessão solene evocativa dos 43 anos do 25 de Abril, ‘momento alto’ do programa comemorativo organizado pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, em colaboração com a Associação Dinamizadora dos Interesses de Basto (ADIB), a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Cabeceirenses, a Banda Cabeceirense e a Fundação Mário Soares.
O programa arrancou na passada sexta-feira, dia 21 de abril, e encerra com a exibição do espetáculo ‘Muro’, mais uma grande produção do Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto.

Depois da cerimónia do Hastear da Bandeira Nacional com guarda de honra dos Bombeiros Voluntários Cabeceirenses, o executivo municipal liderado pelo autarca Francisco Alves, o presidente da Assembleia Municipal, assim como representantes dos partidos e movimento políticos com assento na mesma Assembleia, presidentes de Junta de Freguesia, entre outras entidades civis do concelho, participaram na Sessão Solene evocativa do 25 de Abril que lotou a Sala de Sessões da Assembleia Municipal.

Na oportunidade, o presidente da Câmara Municipal sublinhou que “ao longo dos últimos 43 anos, Portugal conquistou, implementou e consolidou um processo de democratização que permitiu desenvolver o país de uma forma que não tem paralelo com qualquer outro período da história de Portugal”.

Francisco Alves disse que “a revolução do 25 de abril de 1974 mudou o panorama político português, mudou o país, mudou as mentalidades. Em 1976, instituímos o Poder Local, o poder local responsável pela enorme transformação que o país sofreu. Na verdade, o que seria de Portugal se não fosse o poder local?”, questionou.

“Portugal é hoje um país muito diferente, para melhor, do que há 40 anos atrás. E, no entanto, vivemos mergulhados numa perplexidade perante o risco de cansaço das pessoas com a clássica organização política assente nas instituições, presidente da república, parlamento, autarquias locais, sistema judicial, partidos políticos”, notou, lamentando que “aqui, como em muitos países desenvolvidos da Europa e do mundo, os cidadãos afastam-se e desinteressam-se da gestão da coisa pública, da participação cívica. A democracia representativa no modelo tradicional parece já não chegar”. Defendendo que “é necessário que neste momento de celebração da Democracia e da Liberdade sejamos capazes de refletir e de trabalhar para encontrar formas de mobilização dos cidadãos para uma maior participação pública e cívica na gestão e na promoção do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas”, o edil Francisco Alves garantiu ser “necessário combater o absentismo e apontar caminhos que, não pondo em causa a capacidade crítica dos cidadãos, os faça confiar nos valores da democracia. Se necessário, reinventem-se novas formas e mecanismos do exercício dos direitos políticos e de cidadania”, sustentou, destacando que “o importante é que possamos inverter esta acelerada descrença nas instituições políticas e nos seus agentes”.

Desejando que “os Cabeceirenses se interessem pela política e pelos valores que ela encerra e participem ativamente no processo que se avizinha”, Francisco Alves garantiu que “Cabeceiras de Basto e os Cabeceirenses só têm a ganhar com a participação de todos na escolha dos caminhos, das políticas e dos seus agentes. Cabeceiras de Basto e os Cabeceirenses só têm a ganhar se escolherem os melhores, aqueles que assumam a política como uma missão de serviço público para servir os outros e não para se servirem a si próprios ou servirem interesses particulares em vez dos coletivos”.

E realçou que ao longo dos últimos tempos “os autarcas das freguesias, da Assembleia e da Câmara Municipal trabalharam com determinação na promoção do desenvolvimento do nosso concelho. O muito que foi feito permitiu melhorar a qualidade de vida das populações. O futuro reserva-nos, contudo, novos desafios. Teremos que ser ambiciosos e inconformados e trabalhar afincadamente para construirmos uma sociedade mais justa e mais solidária”.

Finalizando a sua intervenção, o presidente da Câmara Municipal almejou que “a democracia e a prática política atraiam e comprometam cada vez mais cidadãos livres, descomprometidos, empenhados e responsáveis para que a gestão da coisa pública não assente em estratégias clientelares e movimentos obscuros, e se assuma promotora de desenvolvimento económico e social que combata as desigualdades e valorize o contributo da mais ampla diversidade de atores sociais e estruturas organizadas como o movimento associativo”.

A iniciar a sua intervenção, o presidente da Assembleia Municipal, Eng. Joaquim Barreto, agradeceu publicamente a todas as entidades que se envolveram na Comemoração dos 43 anos do 25 de Abril em Cabeceiras de Basto. Joaquim Barreto afirmou que nesta data devemos “exaltar e lembrar os principais protagonistas” do 25 de Abril que “simboliza para nós a igualdade, a liberdade e o desenvolvimento”. O 25 de abril “conduziu Portugal ao progresso”, sendo um dos exemplos das conquitas dos Capitães de Abril “o Poder Local Democrático de que orgulhosamente somos parte”.

Nas suas palavras, Joaquim Barreto considerou que “volvidas quatro décadas, outros desafios se impõem concretizar. A competitividade própria de cada região, a oferta de serviços ao cidadão, a aposta em novas políticas públicas municipais mais participadas, mais inclusivas e assentes em novos paradigmas – a inovação social ou o empreendedorismo para combater o desemprego – são vitais para a fixação das pessoas nestes concelhos de baixa densidade territorial nos quais nos incluímos”, disse.

“A aposta no betão já teve o seu tempo. Fechou-se um ciclo. Hoje a inovação social é uma realidade que visa a qualidade de vida. É essa matriz que agora ambicionamos seguir face aos novos desafios que se colocam diariamente às nossas gentes”, sublinhou.

O presidente da Assembleia Municipal explicou que “a política tornou-se mais complexa e tridimensional criando novos espaços e identidades diferentes”. Reconhecendo “que nos faz falta uma narrativa inspiradora, uma narrativa europeia”, Joaquim Barreto assegurou que “é preciso continuar a aprofundar os valores de Abril e do Poder Local Democrático”, criando condições para uma maior participação cívica e mais ativa, nomeadamente por parte dos jovens.

Em representação da Bancada Municipal do PS, Domingos Machado declarou que o 25 de Abril “é um momento essencial e inaugural das nossas vidas. Um grito espontâneo do povo para a Liberdade e para a Democracia” que possibilitou que hoje vivamos numa “sociedade aberta e com pensamentos alternativos”.

Relembrando os direitos alcançados pelos Portugueses com a Revolução do 25 de Abril, Domingos Machado lembrou todos aqueles que com o seu trabalho contribuíram para a vitalidade deste Município, assim como os grandes investimentos que foram feitos nos mais diversos setores da atividade municipal.

Por fim, Domingos Machado frisou que “não vale tudo em nome da sobrevivência política. A coerência vale sempre a pena”, disse, ambicionando que os Cabeceirenses prossigam “sempre com Abril nas suas mãos e nos seus corações”.

Em representação da Bancada Municipal do IPC, Paulo Pinto destacou que “devemos muito” ao 25 de Abril de 1974, sendo “inquestionáveis” as inúmeras conquistas de Portugal nos últimos 43 anos. Fazendo referência ao prestígio que o nosso país tem hoje na Europa e no Mundo, Paulo Pinto realçou também a importância da revitalização do papel dos Municípios na atualidade. “É hoje uma evidência o muito que o Poder Local Democrático fez pelo país, sobretudo nos meios rurais”, disse, fazendo referência aos inúmeros investimentos feitos em todos os setores de atividade, como é o caso do nosso concelho.

Paulo Pinto considerou que um dos grandes desafios que se colocam hoje às áreas periféricas é “assegurar a manutenção dos serviços” públicos.  
Afirmando acreditar que é com a “qualificação das pessoas (…) que se cumpre o desígnio do 25 de Abril que é desenvolver”, o representante do IPC afirmou que “o 25 de Abril é património de todos os Portugueses”, sendo “um organismo vivo” e “válido nesta Terra de Basto”.

Em representação da Bancada Municipal do PPD-PSD/CDS-PP, Laura Magalhães evidenciou que com a Revolução de Abril “a censura foi substituída pela liberdade”. Garantindo que “a liberdade se comemora no dia-a-dia”, Laura Magalhães referiu que “celebrar Abril é idealizar o futuro para Cabeceiras de Basto baseado na pluralidade de expressão, onde ninguém saia prejudicado ou beneficiado por exprimir a sua opinião”.

E finalizou: “a Revolução de Abril restituiu-nos direitos e liberdades fundamentais. Não podemos deixar cair este legado. Há desafios que têm de ser enfrentados com audácia política. Façamos realmente acontecer Abril para que os filhos desta Terra possam andar de cabeça levantada e sejam realmente livres de exprimir construtivamente as suas convicções, sem tabus, sem medos, nem repressões”.

Centro de Teatro leva hoje à cena a peça ‘Muro’

À semelhança dos anos anteriores, o Município Cabeceirense comemora o 25 de Abril com a exibição de uma grande produção teatral intitulada ‘Muro’ e que será levada à cena, hoje à tarde, a partir das 17h00, na Casa da Juventude pelo Centro de Teatro da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto (CTCMCB).

Integraram, ainda, o programa evocativo da efeméride a Exposição ‘Mário Soares: Uma vida ao serviço da Democracia e da Liberdade’ na Casa do Tempo, a apresentação do Livro de Atas do II Seminário Internacional ‘Religião, Letras e Armas: da Europa Renascentista para Basto’, a audição dos alunos da Escola de Música da Banda Cabeceirense, a conferência ‘Mário Soares: Uma Vida ao Serviço da Democracia e da Liberdade’, a iniciativa ‘Músicas de Abril’ na Biblioteca Municipal Dr. António Teixeira de Carvalho e a recriação da reunião da Câmara Municipal pelos alunos do Agrupamento de Escolas, o Jantar Comemorativo do 25 de Abril e ainda as Provas de Atletismo e a Corrida da Liberdade que aconteceram esta manhã e cujos prémios aos melhores classificados foram entregues no Parque do Mosteiro.
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